afinal
as coisas ficaram
como já não estavam
voltei
compondo versos
novos versos!
*
um dia pensei que a vida
era isto: escrever(-te),
mas depois disso
nunca mais me (re-)
compus, apenas
componho versos*
não há neste sacrifício
margens para a glória?
no corpo há pintura
tatuada num ritual
onde o desenho nidifica
caligrafias de espanto?
só dúvidas me assaltam
enquanto a certeza...
a presença duma mulher
é como sentir perfume
a quatro dimensões
a quarta dimensão
é o tempo
«infinito enquanto dura»
*EM PAZ
Seguro a faca com os dentes,
Atiro-a ao ar e engulo-a;
Fecho os olhos, morro.
Não resulta, corro...
Até terminar
Os versos
Nus!...
O sexo cai-me
Numa excitação,
De burro ergue-se!
Fico feliz e deixo a poesia *
1
se alguém me escrevesse
e nunca me respondesse
eu deixaria de ler...
se não se desse o caso
de me escrever versos
aí... pensaria duas vezes
2
a verdade é esta
agradeço cumprimentos
mas sem agradecer
o seu comprimento
mede o tamanho do luar
como uma luz reflectida...
3
«você é luz
é raio é estrela
é luar»
eu sou
um passatempo
onde perco meu tempo...
se me lembrasse de alguma coisa,
não precisaria de imaginação
para escrever assim...
assim como um pássaro
a distrair-se
tendo a fruição do ar sob(re) asas
ao anoitecer
alongo as pernas
na varanda
esperando
que o Sol se ponha
excitando-me...
para não ser mero acaso
estudo o caso, pau_sa-
da_mente!...
acrescento mais uma
estância: até...
até lhe dar c'um pau!...
(pau pé_r_rimo?)
no momento seguinte
já não sou eu, és tu
quem me lês aqui
onde os versos são
meus eus teus e
um verso só... nosso
satisfeito ficarei
até adormecer
ou acordar ainda
nos teus lábios
abertos ventosas!...
"o amor a inventar palavras"
Nem que para isso isto fosse visco, as palavras coladas, caladas, caídas, coadas, com... o Silêncio com ossos do Biáfra: escanzelado neste esqueleto de cão, cheio de comichões sarnentas! E isso, isto, o quê!! Imensamente o quê?? A língua arrancada à Língua! Eu, assim..., apaixonado por tudo o que dizes: em rigor, estupidificado de felicidade, alegria ou o mais puro espanto estampado no rosto que olha sem se ver (imagino).
fala com a casa
como memórias
falando-me de ti
alarga sombras
a saudade voa
trazendo-a a si
fala sem pensar
é saudade nua
voa como vulva
nu entre-tempo
coração-pulsão
imensa ilusão...
ponta das letras
onde dedos vão
as palavras são!...
imagino-te a ti
de voz sedutora
intensa e sensual
a subir por mim
a vibrar do chão
- palavras soltas
A PALAVRA É QUASE
/ TUDO!
Pode não ter importância?
Impor a ânsia é tudo
menos asiático...
Não sei do que lembrei,
resolvi di_vagar...
sobre a beleza deste texto!
na abertura do diafragma
dá-se a inspiração!
quanto ao que sei
gostaria pudesse
proteger do frio
o corpo da poesia,
o corpo da poetisa!
é duma exactidão
que chega a doer nos olhos,
a luz do Sol
mesmo à noite
quando a procuro aqui
a imaginar a luz!
impossível saber ao certo
o que inserto na palavra
faz com que ela de perto
seja uma incerta lavra
nesta dúvida a certeza
duma rima em beleza!
dada em duas parelhas
rimando até às orelhas!
Para: R
Para que possas rir e ser feliz
desse modo, rindo, se te apetecer
Sempre pus a hipótese de seres
tu uma outra pessoa, ainda hoje
continuo sem saber quem és
Mas não está em causa eu saber
quem sejas, pois sempre serás
quem quiseres, souberes, poderes
quando isso acontecer,
o que estás a pensar...
sente: fiquei a sentir
já só falta completar
mais um verso para...
se precipitar o poema
(a nossa r. é química)num pequeno lago
sem vento nem
vontade...
habitando
lugar... esta Hora
aqui parado...
um grito constrói
um alicerce cortado
cerce, um: único!!
espanta-se lendo
o voo dum ovo
nascido ave!
(um alicerce da casa
dum poema do poeta)
como quem segue
a espiral de fumo
das ideias crescendo
da chama em brasa
onde leio vivas
tuas palavras..
en_quanto filosofia
não me interessa tanto
a Morte;
pre_firo pensar
a Vida,
gozá-la plenamente!
sou poeta, acredito...
que a generosidade é
um produto humano
assim são os poemas
actos de generosidade
ou, qualquer coisa!...
eleva ao quadrado
a minha figura de parvo:
amo-te porque quero!
há na minha paixão
uma geometria de cão,
farejo-a sempre contigo!
ser poeta é ser mais alto
junto das mulheres
é fazer amor
como tu bem queres!...
e dize-lo cantando
em toda a parte!...
e que não nos falte
ter toda/s tu_as partes
ateu religioso
que nem eu...
sempre se safa
fazendo...
a poesia fluir
afluindo...
onde
você aparece
claro que cada poema parece alimentar
novo desejo pronto a parir,
é necessário ser corajosos e dizer:
musa, agora vai-te foder!...
quem quer ser corno
da sua maior fonte de prazer
quando usa as mãos
dizendo "falo"?...
falas-me da falta
de sentido
denuncias
os teus sentidos
falando
do que sentiste
eu medito
todos os sentidos
os vícios não existem
por outra razão
fazem mal
mas sabem bem
podemos chorar
a fazer versos
mas há sempre
o reverso da medalha
Começa na forma como te alargas, me sugas, te deixas toda... penetrar e a alma nasce, cresce e fica pronta a explodir: para a vida poder recomeçar de novo!...
Com jeito, havemos de conseguir tudo, se deixares, quiseres, pedires, desejares: aí nascem as orações que os deuses atendem!...
Comenta aqui, entra no meu tear, deixa-te atear e dizes-me as palavras que só sabes dizer quando fazes amor e não têm verso, nem reverso, são carícias do momento: palavrões cheios de talento!, ais, uis, sinais... e eu cheiro-te toco-te tenho-te por inteiro!
dizer ar_te
é ter a certeza
que o mundo
não acaba aqui
e aqui começa
dizer-te ar
que respiro
só porque te
posso pensar!
dizer-te ar
das minhas
ideias e veias
dizer-te ar
da inspiração
dizer tear...
pena ainda não te conhecer
quando escreveste
isto...
o teu poema
ia...
vai agora pertencer-me m!+
quero essa tua presença
em que vendo as costa
posso ver-te o rosto
enquanto pintas os olhos
ficas a sorrir-me, a ver
o meu olhar de espanto
quando me deixo apanhar
a pensar no teu rosto
o teu rosto tem um rasto
na minha memória
onde sou canino,
talvez apenas menino?
vejo-me por dentro
desse rasto do teu rosto
onde as palavras
julgo não chegam