quinta-feira, março 31, 2005

o amor é fogo

o amor fala no corpo
como se fosse fogo,
amor é fogo!...


é uma loucura,
mas fá-la no corpo
com teu fogo!...

só faço versos amor
quando aproximo
a fala do fazer!!

quarta-feira, março 30, 2005

tripla (1 x 2)

desato-me
peço às palavras venham
calmamente em silêncio
apenas com suas formas
vazias como as conchas

capazes de viver vivas
apenas da sua vida nua
como uma rua deserta

canto a aridez submersa
nas suas formas átonas

canto átomo de átomos


mútua/mente
a beleza fecunda-me
enquanto a fecundo

fecundamo-nos...


do(u-)te
o amor é uma palavra
que uso no peito

penso em ti (au!!... deitar)

terça-feira, março 29, 2005

lugar

leio uma ideia que dou a ler
de tradução em tradução
e da filosofia passo à poesia

«agarrar com a mão o tempo,
para atingir o lugar em que
o tempo se extingue»,
K. Jaspers (Introd. à Filos.)

o poema repousa serenidade
na noite intacta e inteira
onde escrevo uma ideia lida

segunda-feira, março 28, 2005

fala

olhei para o espelho
e disse: - Fala...
e, a fala, foi isto

olhei para o relógio
e eram horas...

olhei para o poema

espessura

há magia
neste assumir da escrita
como um conjunto de símbolos
concebidos para gravar
a nossa imortalidade possível

as ideias e coisas
duma representação cujo fenómeno
sob a influência da alfabetização
preambula o grosso da educação
até ao patamar mais fino…

onde tentamos dar espessura ao verso

domingo, março 27, 2005

t)eu poema

leio o teu poema
até atravessar
a realidade
onde a perco

tudo fica perto,
tudo parece longe,
pede uma prece…

a poesia é
o que parece?

p(a)rece!...?

sábado, março 26, 2005

preguiça

a intuição não me disse
que tu me chamavas
e deixei falar a preguiça

pendurado dum bambu
fiquei pelas folhas

mais lentas do dizer...

sexta-feira, março 25, 2005

quase tudo

(agora aqui/ metafísica/ transcendência/ tranquilidade/ intranquilidade/ pastar)

1. agora aqui
as palavras sirvam
para ultrapassar a distância
e vencer o tempo elevando-o

ao momento que paira
sobre a realidade Presente

do agora aqui/ para sempre!!

2.
metafísica
a metafísica
passou a ser a meta
para esta física

onde basicamente
as palavras

são escrita(s)

3.
transcendência
nenhuma
transcendência
é necessária à vida

enquanto pastamos
tranquilos,

quem quer a intranquilidade?

4.
tranquilidade
da transcendência
só quero uma mulher boa
e bela

e quero
ser como ela,

fundir-me nela!

5.
intranquilidade
quando me apanhar
a pensar pode fazer tudo
o que quiser

deverei estar distraído
e não ter dado conta

do que fiz?

6.
pastar
comer massa
ou qualquer outra
coisa

dormir também serve
perfeitamente

e quase tudo

quinta-feira, março 24, 2005

hoje

hoje
só acordei
acordado

tal foi a pinta
do homem adormecido

(andei a fazer poesia...)


fala
olhei para o espelho
e disse: - Fala...
e, a fala, foi isto

olhei para o relógio
e eram horas...

olhei para o poema


(este terá sido o espelho
do poema “confissão”
de à poucos dias atrás)


sinta_xe

1
Amor,
interessa-me pintar
usando apenas palavras na composição

a ideia de imitar a realidade
pode continuar a pôr-se,
embora neste caso esteja ultrapassada

limito-me a estabelecer um notório
equilíbrio na sintaxe da frase
enquanto descrevo pausas,

ponderando a importância do amor
na composição poética duma pintura
cuja realização se traduzi-se em versos

2
a experimentação faz parte
do uso orgânico da voz na arte
deste poetar empenhado no sentir

feito do estar, ir e representar
a súbita beleza duma declaração aberta

à beleza súbita!! aberta na declaração!!!

3
uma última triangulação em falta

a presença imponderável duma palavra

assente sobre a silenciosa forma das letras


muito/pouco
interessa pouco escrever muito
se o muito que se escreve
pouco se dá a perceber

interessa muito escrever pouco
se o pouco que se escreve
muito dá a aperceber

quarta-feira, março 23, 2005

voz

vós sois sóis
duma planetária
presença habitando
em tua órbita!

eu sou ou soo
do universo
onde me guardo
sempre teu espaço!

sos ver versos

(fui-me deitar!…)

versos do anoitecer
estes que vêm
antes de chegares

feitos para dizer
quanto contêm
se os desejares

saborear a crescer
onde se têm
íntimo(s) penetrar…

aproximação

Isso, os teus cabelos
crescem pendendo, como estás
tendo uma cortina luxuriante
cobrindo o rosto
olhando em baixo...

Todo o teu corpo ficou
para estar, ouvindo esta
aproximação...

Que ainda não diz o que... direi

(uma vez em decúbito dorsal
abro teus lábios com os dedos
e te beijo com a língua...)

moça

acordo
à volta das palavras
como se as deseja-se
mais que tudo
na vida

ávido
como se delas viesse
um beijo teu
a

(centrar o centro dentro
duma periferia
envolvente)

descer-me do pescoço
até aos caroços

no fruto feito do poema!

terça-feira, março 22, 2005

nu_dez

1
cada verso deve valer
o que vale um verso?

2
dizendo a poesia até
escrever o seu valor?

3
superar as limitações
até criar sem limites?

4
tecer a teia da ideia
no fio do discurso?

5
alio a linha escrita
à linha descrita?

6
modelo a afirmação
sem qualquer pressa

7
cada coisa antecede
uma coisa posterior

8
escrevo o que vem
depois de escrito

9
caminho sobre pés
deixando pegadas...

10
com tempo e paciência
toda a ciência do mundo
se converte em aquisição
da consciência humana

onde o problema final
advirá sempre o mesmo
comum às mais criações
no ver da verdade nua

a verdade de ver a nu
[advogando (n)a] nu_dez

segunda-feira, março 21, 2005

confissão

às vezes sinto necessidade de confessar
alguma coisa a alguém que me oiça
com o olhar de ler estes versos soltos
presos a essa ideia inicial da confissão

deste modo escolho a disposição própria
para produzir a prosa considerada vital
para esta noção muito relativa do belo

quando tudo se concilia vem o poema
ocupar o lugar duma conclusão implícita

e recolho a imagem dum espelho vazio!

domingo, março 20, 2005

de olhos fechados

leio de olhos fechados
antes de começar a escrever
o poema

ganha a forma de estâncias
onde divido as frases
em versos

sentindo pulsar a essência
da realidade genésica que é
a poesia

sábado, março 19, 2005

aprendiz

acordo com chuva
a bater à janela
de rajada

tento apreender
este aprender

a ser elementar!

sexta-feira, março 18, 2005

beb_end_o

revelar teu corpo
em des_velo...

a esta distância
imaginar-te...

alta vai a lua:
chama(da) Poesia!

(desvelei
-me em versos...)

quinta-feira, março 17, 2005

canção

para ser musicado
por um músico de génio
eu faço esta letra rolar
com um andar balanceado
caminhando junto ao mar

estou a pensar em ti
esgrimindo em candura
um natural desejo de dizer
como soube logo te vi
cada segundo de novo ser

tempo de incredulidade
trazendo este rico devaneio
de não mais poder passar
sem tua natural autenticidade
servindo visual a encantar

imagina ler agora a vir
refrão:
imagem bela duma certeza
é possuir esta destreza:
étnica da idolatria e devir!

(o refrão pode deixar
com as cordas do violão
se estiver custoso ao cantar
o mesmo se aplica
se houver ausência de canção)

quarta-feira, março 16, 2005

notas

nota
adoro ler
de veras
a simplicidade
de versos
escritos

como se
fossem nota
deixada
na porta
do frigorifico


sinto
escrevo para ler
a poesia
que consigo fazer


e mais...

a maior felicidade
é dizê-la cantando
e lembrar... Florbela

terça-feira, março 15, 2005

planar

simples e límpido
o poema aparece
e transparece...

um desejo
de claridade

visual e pleno/a

(desejo claridade!)

segunda-feira, março 14, 2005

ab_sorvido

pela marginalidade

do tempo

um olhar retrógrado

em rotação

dum eixo imaginário

domingo, março 13, 2005

no nu/ um nó/ só: tu

Esculpir a vida com as letras
com que se compõe qualquer
palavra soletrada nesse sentir
a analisar se elas estão certas
letras que vivem o texto a vir
traduzindo-se em quem quer
ser a vida esculpida em letras

havendo quem as faça rimas
de tudo com tudo e até tretas
contudo são bem necessárias
neste mosaico feito de letras
também projectamos cismas

até nas palavras ficar apenas
o ar de respirar na inspiração
leve voar feito asas sem pena

nu desejo dum verso solto!...

curto poemas

i – saltar à corda

a primeira coisa
não é a última

há sempre uma
segunda ou terceira

a quarta acorda
ou não salta...


ii – acordar solto

a segunda coisa
é a primeira...

se tenho ideia
de algo já ter

só falta ocorrer
mesmo sem correr!

sábado, março 12, 2005

o prazer

o prazer do poema
não é uma meta
que podemos cruzar

é apenas um tema
que podemos traçar

entre meta e tema!!

sexta-feira, março 11, 2005

se/mente

uma imagem compósita
de todas as sensações

escrevo no poema
para ter uma semente

da palavra semelhante
à ideia conglomerada!!

(continuo a falar a...
arquitectura emocional)

quinta-feira, março 10, 2005

figo

a poesia vem
como coisa doutro mundo:
emoção

a acelerar ou acalmar
cria a ilusão

digo, fico: calmo e exaltado!
(à poesia “chamo-lhe um figo”)

quarta-feira, março 09, 2005

♂♀

um homem e uma mulher
na cidade
fazem o seu caminho

fazem o que querem
porque o que não querem

nem sequer o sabem fazer!

terça-feira, março 08, 2005

a nascente a nascer

não é por haver um dia das mulheres
mas é por haver um dia das mulheres

peço-te a respiração boca a boca
para me dares a inspiração necessária

o poema procura-me agora mesmo
antes de poder ir procurar-te eu a ti

tendo a ideia atendo ao pensamento
e já nem preciso de mais nada

escrevo que a tua língua desenhará
nos meus lábios a procura sequiosa

já não da inspiração e sim do desejo
que sabemos ser a nascente a nascer

segunda-feira, março 07, 2005

arquitectura emocional

c(OM)alma
calma a água
fonte de pensar

o traço comum

i

dou-me
ao trabalho
de saber

que para escrever
é necessário
procurar palavras

ii
o passo
seguinte é fazer
a construção do poema

obedecendo
única e exclusivamente
ao prazer da arquitectura

iii
ainda é
com amor
que faço os poemas

é tão importante
o revestimento superficial
como os alicerces!...

iv
os três pilares
do conhecimento
são necessários:

o eu,
o outro,
o traço comum

v
com o terceiro
e último
pilar

olho
para as mãos
e já posso parar para ver...

poiso
a imagem parada
dum pássaro poisado

sublinhada apenas
por um galho, o poiso

nas nuvens

i
a imagem parada
dum pássaro poisado

sublinhada apenas
por um galho, o poiso
ii
observo a nitidez
até eu ficar próximo

o suficiente para
escrever esta cena
iii
a fotografia colorida
tirada com teleobjectiva

tornando próxima
a ave à distância
iv
uma lágrima começou
a escorrer no rosto

acabando por cair
sobre a fotografia
v
a emoção transbordou
como uma gota de água

precipitando-me
ainda mais nas nuvens!

captação

vi
nenhum sentimento
me ocorreu entretanto

apenas segurei
a luva que tinha tirado
vii
na mão esquerda a foto
e na direita a luva

e os olhos continuavam
cheios de lágrimas
viii
mas nada corria
parara, pensei

fechei os olhos
e rolaram quentes...
ix
o que quereria dizer
tudo isto a acontecer?

e não havia resposta
por parte da ave
x
continuava pousada
olhando em frente

ignorando o lado
donde fora captada!

(sobre as coisas
invisíveis do olhar)

invisível olhar
sobre as coisas
invisíveis ao olhar

interrogação
quando acordei
tinha na mão a foto

esquecera tudo,
que tinha acontecido?

corda partida
um filme
desbobinara
com a velocidade
duma corda partida

a desenrolar até
ficar sem energia
a fita metálica
sem impressão alguma

o relógio parado
parara de vez
como uma ave
de súbito abatida

assim
assim chorei
escrevendo
uns versos

só podia
rir-me
de mim...

a
a emoção
será para sempre
a primeira e última
das Belas Artes

a

a emoção
será para sempre
a primeira e última
das Belas Artes

assim

assim chorei
escrevendo
uns versos

só podia
rir-me
de mim...

corda partida

um filme
desbobinara
com a velocidade
duma corda partida

a desenrolar até
ficar sem energia
a fita metálica
sem impressão alguma

o relógio parado
parara de vez
como uma ave
de súbito abatida

interrogação

quando acordei
tinha na mão a foto

esquecera tudo,
que tinha acontecido?

invisível olhar

sobre as coisas
invisíveis ao olhar

captação

vi
nenhum sentimento
me ocorreu entretanto

apenas segurei
a luva que tinha tirado
vii
na mão esquerda a foto
e na direita a luva

e os olhos continuavam
cheios de lágrimas
viii
mas nada corria
parara, pensei

fechei os olhos
e rolaram quentes...
ix
o que quereria dizer
tudo isto a acontecer?

e não havia resposta
por parte da ave
x
continuava pousada
olhando em frente

ignorando o lado
donde fora captada!

(sobre as coisas
invisíveis do olhar)

nas nuvens

i
a imagem parada
dum pássaro poisado

sublinhada apenas
por um galho, o poiso
ii
observo a nitidez
até eu ficar próximo

o suficiente para
escrever esta cena
iii
a fotografia colorida
tirada com teleobjectiva

tornando próxima
a ave à distância
iv
uma lágrima começou
a escorrer no rosto

acabando por cair
sobre a fotografia
v
a emoção transbordou
como uma gota de água

precipitando-me
ainda mais nas nuvens!

poiso

a imagem parada
dum pássaro poisado

sublinhada apenas
por um galho, o poiso

o traço comum

i
dou-me
ao trabalho
de saber

que para escrever
é necessário
procurar palavras

ii
o passo
seguinte é fazer
a construção do poema

obedecendo
única e exclusivamente
ao prazer da arquitectura

iii
ainda é
com amor
que faço os poemas

é tão importante
o revestimento superficial
como os alicerces!...

iv
os três pilares
do conhecimento
são necessários:

o eu,
o outro,
o traço comum

v
com o terceiro
e último
pilar

olho
para as mãos
e já posso parar para ver...

c(OM)alma

calma a água
fonte de pensar

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domingo, março 06, 2005

poesia

o motivo especial
da poesia ser sempre especial
é
ser feita de palavras
que não são só palavras
e
servem antes para
poder produzir parábolas

quase certo
haver um celebrante
e
ele ser cada leitor
depois de cada poeta
é
e a conclusão demora mais
do que escrever um simples poema

é “infinita enquanto dura”!...

tea

tear da palavra

a poesia

é

um teatro aceso:

a palavra...

chama!

sábado, março 05, 2005

sabor_e_ar

procurar-te-ei
no sítio do costume
sem ter horas marcadas

na necessidade de te saber
sabor e ar (inspiração)


onde poisas, poesia

sexta-feira, março 04, 2005

5/6 acção 1/6 fracção

explicando o poema
aplicando a poesia

nada do que digo
é dito, acresce a isto

que escrever é arte
silenciosa e intima

quinta-feira, março 03, 2005

dual_idade?

Alegria é o Bem
Tristeza é o Mal

re_pleto

o plexo solar
sobe no peito
a encher-se…

é a inspiração
fisicamente

presentificada

es_vazio

quase sem energia
a ideia adia
ter + palavras

fala de transparências
invisíveis…

imagens vazias

todas as palavras

todas as palavras
querem dizer
+ alguma coisa

já os poemas
podem não querer

dizer coisa nenhuma

inauditas palavras

quando quero escrever
e estou seco
como as fontes
que deixaram de correr
penso em ti

as palavras parecem ser
tudo o que li
e já esqueci
antes de lembrar

é como se acordasse
um segredo antigo
para te dizer ao ouvido

ou gritar
espantando o ar

com inauditas palavras!

como (a) vida

um grande poema
começa sem fim
como se ficasse
para lá das palavras

escrever é ir
numa viagem
interminável

só depois
o poema acaba

como uma vida

quarta-feira, março 02, 2005

mão(s) cheia(s)


Amanheçam as manhãs
todos os dias como hoje...

Apenas uns versos
a acordar da luz...

Mão cheia de sensações!

terça-feira, março 01, 2005

brindo

1 um
de 1(0)...

o culto é
desocultar nudez

mostrá-la nu_a...
servi-la

encontrar
todos os versos

descobrindo
toda a poesia!

intimo

“intestino”

destino a angústia
a ser tempero
de alimento
especial

uma saudade
bem suada
saudada

quase gosto
d’a sentir

sair in/di_stinto...