quinta-feira, junho 30, 2005

sobriedade

comentar o quê
ou para quê comentar?

as palavras soltas
são loucas bebedeiras

a nitidez toma
conta do que é nítido

o poema quadra-se
em quatro dísticos!!

quarta-feira, junho 29, 2005

musa

tal

vez

seja

esta, vês:

 

ficar

vazio

como...

 

avenca

verde...

 

«densa e discreta»

quadro

com avenca...

 

o inesperado

tem esta qualidade

de não nos fazer estar

nunca à sua espera

presente

laço de braços
aquele que fazemos
dando um abraço

terça-feira, junho 28, 2005

K palavras a azul

Trago as tuas palavras
para junto de mim
entregando-me

à sua leitura
onde ouço
repetido

estribilho

da solidão

tão enunciada

ao ser anunciada

ela já parte da arte

de compores o olhar

onde o dizes nu dizer

no modo e maneira esta

minha mas também a tua

«a tua e a minha história»

segunda-feira, junho 27, 2005

por mim...

«chamam-me blimunda. mas o meu nome é marta.»
 
i
Não que precise de motivos
pois faço os poemas
tão simples
que
ás vezes acordo com eles
a pensar por mim
um texto
que
é fácil encontrar nas palavras
desde o primeiro momento
onde
encontro a notícia deste poema
a formar-se na veracidade
onde
até à pouco a sua existência
era completamente insuspeita
diz
 
ii
Por isso isto é tão belo...
 
iii
Cada nova descoberta
tem o sabor
a sal
 
do suor que corre para a boca!
 
 
(dedicado a uma musa dual)

domingo, junho 26, 2005

o rouxinol

chega o segundo
em que as palavras
dizem o que querem ser
 
construo um poema
à espera que ele cante
 
e não me faz esquecer...

virgem suicida

Uma virgem suicida corria

pela beira-mar sentindo

a espuma das ondas

 

Desejava mentalmente

desmaiar de Prazer!

 

Caiu de joelhos, feliz e cansada

 

(deixou-se rolar, embrulhando na onda)

ler... as palavras

podem as palavras ser

escritas de outra maneira

ou são assim... apenas

uma maneira de ler o sentir?

cego

confesso

com esta luz

que me cegas!...

sexta-feira, junho 24, 2005

ou...

ou será você?


a diferença entre tu e você

pode ser dita deste modo...

quando digo que te amo

eu tanto posso dizer tu


como dizer você, sabendo

tanto eu como tu, como

você e eu... que quando


nos amamos por completo

não há nem tu nem você


poema somos: eu e tu!

expoente

Que sei eu?

O que posso fazer

do que não sei!?

 

O poema

é um expoente

desta potência nua

 

cantar o luar

só por sentir-te

presente à luz da Lua!

 

(depoimento)

quinta-feira, junho 23, 2005

... a beleza

arrepia a beleza

do teu nome, que dizer

dessa cor dos teus cabelos?

acordo...

acordo de noite

a pensar em ti, deve ser

amor?

infinito

Gravatarporque me é dado crer
eu quero assim:
o infinito

dum fim finito
onde de palavras o azul

dá o mar, o céu e a saudade...

o tempo...

O tempo não pára, vive

 

A ele pertencem deuses

e suas humanas fraquezas

 

Sem esperar, percorre cores

onde toca todos os tons

e faz os semi-tons!

 

Eu amo o tempo, pois

sempre desejei com ele

morrer e viver dum amor

onde o tempo é alma de flor!

partilhando a escrita

Leio-te devagar...

e sinto o meu corpo

a enterrar-se todo nu

no teu corpo desejoso

de desejo desejado nosso

terça-feira, junho 21, 2005

o Olho da saudade

(era onde

me gostaria

de enterrar

 

todo em ti!)

 

Olho

para longe

cada vez sentindo

 

mais

...

 

saudade!

 

(quem dá o que sente

a mais não é

obrigado...

 

Parabéns!!)

segunda-feira, junho 20, 2005

perversão

Aquarela com sabor...


Um grande borrão vermelho

e lá pelo meio

matéria orgânica escorrida

para narizes sensíveis

como o seu

capaz de detectar

... a minha perversão

de tanto te amar mesmo

... fora da água deste mar...


(deste mar que nos une: amar)

musa

apenas sei

pensando ignorar

quanto de arte não és?!

quinta-feira, junho 16, 2005

considerando

A gente diverte-se

e o tempo

não desiste

de crescer todos os dias!

 

Depois da juventude

não existe eternidade

para se chegar à velhice

 

Podemos dizer tratar-se

apenas duma questão...

 

onde se perde tempo?

a arte de viver

a arte é estar vivo

e conseguir “"dizê-lo

cantando”" (Florbela E.)

... até obter do dizer

esta presença física:

e nus pertencermos!

terça-feira, junho 14, 2005

pedra rolada

para que nada sobre...

 

escrevo sobre o Silêncio

as lisas pedras roladas

 

escolho uma bem chata

para atirar a rasar...

 

fazendo este ricochete!

segunda-feira, junho 13, 2005

beijar

para ter a minha língua

na tua língua e ler

 

as palavras como tuas

quando as estou a escrever

 

(sem emoção não há poesia,

sem poesia que seria d'Ela?)

saudades

fundo a respiração na memória
 
de entre teus seios
teu aroma
 
escrevo o coração em saudades...

carente

Deixei de escrever para ser percebido,
por isso me calo e o meu caule
é um talo entalado
na garganta
da noite!
 
Quando escrevo versos, solto
os esporos da língua
sem flores
 
Dói dizer o amor - como carência!

apanhado

em nu citado

sou “apanhado”

 

é o Silêncio (sempre ele)

a falar calado para eu ouvir

 

a paranóia com a nóia,

a contar histórias:

 

1,2,3... Era uma vez.

camarada

as musas te guiem

na última morada

 

(ao Álvaro Cunhal, camarada...

Mandavas-me lamber sabão

achando este “classicismo” sensaborão?)

adeus

li, a emoção não ocorreu, naquele momento


agora ainda estou onde os navios navegam

presos à amurada dum cais


mas solto uma palavra por ti: adeus!

(ao Eugénio de Andrade, hoje e sempre)

bela

foto

nuvem

acordo, também as palavras

abrem os olhos

disfarçadas,

pardais

a

chilrear lá fora e eu aqui fazendo ainda

len-ta-men-te

um

silêncio espesso a esparso, quase

a

desfazer-se como nu_vem

 

(o teu poema iluminando - ampla

baía, cria a ilusão – dum novo dia!)

alma

detive-me e tive-me

de ti...

sábado, junho 11, 2005

celebração

meu coração se faz
de pequenas coisas,
quando não as sinto
até esqueço existir

escrevo em quadras
sem rima alguma,
esta descoberta feita
depois de te sentir...

verga e recto

usando palavras é tão fácil fazer de conta

que somos apenas invenção?...

dúvida até serve de certeza

tudo é pura diversão?

 

até o poema brinca com a identidade

da própria poesia, fantasia?

mas resiste como talo!...

 

flexível ao vento

verga

 

o verso é a verga do poema, se e_recto

quinta-feira, junho 09, 2005

preciso de escrever o poema

«preciso de escrever o poema»
para repetir as palavras
que te fazem
e
fazer-te minha,
preciso de escrever o poema...
(preciso o poema fica infindo...)

idolatria

(do teu poema es-
cre_vi breve ver:)

a calma da cama,

o branco dos lençóis


o soar dos sons

até ver o vazio voar...


(e chamar idolatria

a esta experiência?)

quarta-feira, junho 08, 2005

o ar parado chama-me

paralelas

de vento e coisa nenhuma
o ar parado chama-me a atenção
no advento do dia

catando o vento

qual andorinha

catando o vento
meu alimento são ciscos
alimento-me de insectos vivos

a realidade é uma adivinha?

amo-te meu amigo!

amo-te meu amigo!

diria a amiga ao amigo
apenas com um olhar
sem usar palavras

como reproduzir essa beleza?

terça-feira, junho 07, 2005

*dos versos

se o meu amor não fosse este

não saber ao certo que dizer

para o dizer como ele é,

 

mais fácil seria procurar:

mesmo sabendo-o sem cura,

 

mesmo tendo-o no horizonte...*

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segunda-feira, junho 06, 2005

medindo o poema

é como uma balança
de mostrador circular
onde o ponteiro decidiu
avançar pesando o tempo...

nem fiado!

nas cumissuras dos lábios

ficou parado o Silêncio

aí desfiado, dado?

a hora (agora)

Que horas são?

Se mandas poema,

é a hora das palavras!

(a emoção de_pende da hora...)

um (o)

mínimo pensamento

passa...


até tocar: só (o) Silêncio

que me cerca


enquanto cant(o) desejo!

domingo, junho 05, 2005

no nu imediato acto

Não perco um poema teu,

eles chegam e sempre chegam!

sábado, junho 04, 2005

vi/ver

viver, tento seja

como acordo, todos os dias

sexta-feira, junho 03, 2005

espera

(i)
as palavras abandonadas
à sua sorte

enquanto espero, escrevo
as palavras que chegam

(ii)
as palavras abandonadas
à sua sorte
escrevo

(iii)
escrevo
as palavras que chegam

(variações – a a espera)

quinta-feira, junho 02, 2005

olhado olhar

olho cabelos

caindo soltos

nos ombros

 

movem-se

e vejo os olhos

 

... a olhar-me!

quarta-feira, junho 01, 2005

FLOR

flor és
sem disfarce

nus versos!...

ROSA

enquanto te olho

lembro-me que existo

 

tenho uma sensação

parecida com a ideia

de desenhar uma rosa...