terça-feira, janeiro 04, 2005

aposto

i
aposto
que tens segredos
dormindo com a Lua

podendo, acredito,
dizer

“a palavra íntima”

ii
hoje
não me peço
para acreditar em nada

acredito, podendo,
fazer

“um pensamento”

iii
choro
como Madalena
arrependida

por ter pecado
sem pensar

a claridade

iv
hoje
em dia
só os milagres

interessam, pouco,
de verdade

aos poucos

v

vou eu
mais uma vez

dizer uma coisa
esquecida

a memória

vi
quando
ao nascer
passamos a existir

deixou de haver
segredos

chegamos à luz!

vii
as letras dos números
fazem parte da escrita
o poema assim escrito

viii
ama-me só
quando souberes
porque nos amamos

ix
não há
um dossier
secreto do caso

apenas falta
o zero

antes do um
(e re-contar o infinito!)

x
aqui
neste lugar
cativo dos versos

fica contudo
história

antes da escrita

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