segunda-feira, janeiro 10, 2005

entre

(1) um e outro
(entre) no poema e...

finalmente
apenas no final
a mente, uma ideia
somente do que seja
ser gente, decidiu:

se eu não sou
eu sem ser corpo,
eu quero ser
o teu corpo,
passas a ser...

e não conseguiu
decidir nada,
pois nada havia
a dividir, entre
um e outro


(2) retórica elíptica

a beleza do poema
está no seu equilíbrio
ser feito na leitura
de qualquer leitor

equilíbrio instável
e futuro imprescindível
esquece o presente

onde está assente
na pessoa inicial
capaz de conceber
esta retórica elíptica


(3) a poesia ser

i
deixemos a poesia ser
o que é

o que é?
como podemos escrever
sem pensar?

não há resposta perfeita

ii
um Não, um Sim
são irrelevantes assim
simplesmente Sim
ou Não que seja

iii
a conclusão
deve sempre decidir
que o ser possível

é sempre esta
realidade

a ser o que é

iv
o poema
é a identidade
do poeta

o vime
de que é feita
a cesta

se foi
esse o material
que a fez

v
veremos
ermos termos
no dizer concebível
como inconcebível

se o poema fosse
do poeta que foi
e o deixou ficar
estranho seria

e assim é

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